sábado, 5 de fevereiro de 2011


A gente só percebe que Deus existe quando não precisa mais dele.
Chegando em casa, madrugada, após mais uma noite num bar, com as mesmas pessoas, a mesma cerveja, o mesmo cansaço e a vida.
“Havia tristeza, orgulho e audácia.” Clarice Lispector.
É preciso. Dor e solidão.
A alegria plena, extasiada, completa, que enche bochechas e dentes, que incha, sem o menor brilho, não me interessa.
Vive perto da ignorância vazia.
Não a ignorância sutil, inocente, que nos surpreende. Mas a que faz o caminho dos que se perderam na submissão.
Aquela que esconde de si mesma os sentimentos e orgulhos. E do mundo.
É preciso. Saber rir. Fazer rir. Com humor quente e sorriso simples.
Sem a frigidez de quem ri de tudo sem esquentar a garganta.
É preciso. Dar o nó. No sapato, na gravata e no paletó. Mas principalmente na garganta.
Quem não tem nó na garganta, com nada, se espanta.
É preciso. O canto sôfrego de amor e desejo. Esbarrando nas quinas.
“Quem é que tem pudor quando gosta?” Alaíde, Vestida de Noiva. Nelson Rodrigues.
O homem É o lobo do homem.
Se faz triste e se faz feliz.
Se faz velho e se faz menino.
Faz carroça e faz carruagem.
Faz tatuagem e faz engrenagem.
Faz-se vida e faz-se morte.
A gente, só percebe…
Que Deus existe… impreciso.
O homem é o Deus do homem.
Fé.
Raphael Vidigal

Fonte: Caminhos dos Excessos

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