terça-feira, 15 de setembro de 2009

INTRODUÇÃO!



Passando por campinas e me deparei com uma placa...
· Lá estava:Rua Eng. Haroldo Paranhos.
· Com meus filhos no carro logo se puseram a perguntar
· Tirei até uma foto nesse encontro.
· Voltando para São Paulo minha mente ainda estava lá nas palavras soltas num presente passado.
· Inúmeras vezes tive vontade de contar quem ele era para quem não o conheceu.
· Falar de suas obras, família e de sua passagem pela literatura brasileira
· Comecei com aquela nota de jornal,que papai orgulhava-se em le/rong>
Arita Damasceno Pettená
Publicado No Correio Popular De Campinas
Domingo dia 02 de junho de 1974





Quando ele se sentiu cansado e vencido pelos anos, escolheu Campinas para morada de seus cabelos brancos. Para cá trouxe a mulher, filhos, e junto deles, dividia as horas tocando piano, escrevendo livros, fazendo amigos.
· Apaixonado por poesia declamava versos como ninguém e mesmo aqueles, que pareciam indiferentes a arte do parnaso, sentiam-se logo atraídos pelos grandes vates, tal a força de expressão que Haroldo Paranhos sabia por em cada linha de um poema.
· Pertencendo a uma das famílias mais ilustres do Brasil império e republicano, era ele neto de Barão de Palma da Bahia e sobrinho neto do Visconde do rio Branco.
· Como primo ainda do Regente Feijó, recebeu segundo premio no concurso do Departamento Municipal de cultura de São Paulo pelo perfil que tão bem lhe soube traçar.
· È que se dedicando a difícil arte de escrever, o Dr. Haroldo Paranhos nunca se descuidou de dados imprescindíveis e exatos, porque sabia serem eles importante na confecção de uma obra. E foi imbuído desse espírito de pesquisador cociente e responsável, é que deu a sua pátria dois volumes de “historia do romantismo do Brasil”, em edições esgotadas, e que retratam fielmente, as figuras de nossa historia literária, dos anos 1500 e 1850.
· O terceiro volume em fase de acabamento haveria de ficar somente entre os seus, porque a morte quando chega não pede licença a ninguém nem mesmo quer saber se há algo ainda a terminar.
· Assim no dia 20 de maio de 1960, o “Correio Popular”, em noticia de destaque, comentava-lhe o falecimento e entre outros dados, dizia ter sido ele Secretário de Estado do ex-presidente Artur Bernardes; Engenheiro-chefe da divisão de águas de Ribeirão Preto; Engenheiro e construtor do teatro de São João Del Rey, em minas; de vários ramais de estradas de ferro, também em minas e,finalmente um dos construtores da estrada de ferro de Santos Juquiá
· O que a imprensa, no entanto, desconhecia é que sendo ele um freqüentador assíduo do centro de ciência; autor de varias obras como “Álvares de Azevedo, sua vida é uma obra”, ”Manoel Antônio de Almeida, sua vida e obras”, ”Visconde de Taunay, sua vida e obras”, Schumam como critico”, além de dois trabalhos originais de engenharia, ”solução do problema das enchentes do Largo do Piques” e “saneamento do lago de Santo Amaro”
· Ele teve amarga decepção de ver seu nome rejeitado por um dos integrantes da academia Campinense de letras, quando alguém soprou aos ouvidos daquela entidade que nada mais justo que incluí-lo como um dos seus próximos membros.
· Ele que recebera cartas de quase todas as academias de letras do Brasil, reverenciando-lhe o trabalho “de fôlego”, ”metódico”, ”profundo”, ”de grande valor pela originalidade no modo de encarar o assunto, pela profundeza na investigação e exposição, via se agora esquecido pela terra onde já habitava há quase dez anos e que, de coração, escolhera para viver seus últimos anos.
· E por isso morreu magoado com campinas, se bem que de tudo isso não tivesse culpa a terra, mas sim os homens que traçam os seus métodos de seleção, porque têm medo que a luminosidade dos verdadeiros valores ofusque ainda mais a nulidade de seus pseudo-s dons.
· Hoje quase quinze anos passados de sua morte, nada é mais justo que este chão bicentenário,fazendo uma reconsideração dos nomes que fizeram a sua historia,tirasse do baú do esquecimento criaturas que foram legenda um dia e que deram, sem nada pedir, um pouco de si na construção de um ideal maior.
· Haroldo Paranhos foi um deles.
· E por isso nada mais justo, repito que dar a uma delas o nome desse grande engenheiro e escritor, para que os seus filhos, netos bisnetos e inúmeros amigos que aqui deixou pudessem dizer a sua passagem:
· “este é mais um ato de justiça e gratidão que campinas presta a um homem que soube dignificar as nossas letras, contando, com graça e beleza, história do nosso romantismo porque afinal de contas como ele mesmo dizia, no prefacio de sua obra,eram:_”Fruto de trabalho exaustivo de indagações,dá-lo-emos por bem aproveitado se leitor paciente de escolher alguma coisa que lhe deleite o espírito,aprendendo,ao mesmo tempo,a conhecera vida e a obra dos numerosos brasileiros ilustres,cujas sombras desfilam pelas suas paginas,animadas por tudo quando lhes podíamos dar de nossa inteligência e de nosso coração.”




Ah! Vamos nós também, e tempo, amigo,
Dar pasto ao coração, dar pasto à mente;
Dos prazeres o gênio fugitivo
Ao vale solitário nos convida.
Que sol danoso!Que ar embalsamado!
Que vasta paisagem encantadora!
ta a natureza;
E’mãe; tudo respira almo deleite
O Mondego, que ao longe vai descendo,
Semeados casais de espaço a espaço,
Entre pálido bosque de oliveiras,
Cingido de montanhas ondeantes.
Pêndulos pomos dos copados ramos
Dauriverdes cremitas laranjeiras;
Brandos cicios de subtis favônios
Pelos viçosos trigos discorrendo
Vertem no coração ditame santo,
Aliviam lembranças magoadas.
Oh!Saudade, que pungem tão agudas
Nos sítios, onde a pátria nos recorda!
Aqui tudo me traça os pátrios campos;
Tais de brincada cor os apovonam,
Tais os povoam multidão ali gera,
Quais pairam sobre nós e vem fugindo
Das tenebrosas “regiões polares
Haroldo Paranhos

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